O Alento e os Ossos
Vertigens Inadiável é o
ímpeto, febre que não finda,
Nesta busca voraz, de
anseio e de agonia,
Qual mística em delírio,
que na alma ainda
Lateja pelo abraço em
santa heresia.
Sob o escombro das almas,
onde o nada vinga,
Fulge a rosa imortal de
uma herança tardia:
O sonho ancestral que no
peito respinga,
Frente ao abismo mudo da
vã travessia.
Toda busca quando urgente,
se faz efêmera,
Pois o ser se consome em
seu ápice ardente,
Extraindo o cristal da
matéria mais áspera.
E corremos no encalço do
Cronos infante,
Carrasco que nos foge,
senhor negligente,
Que nos cansa o espírito
em lida constante.
Nesta marcha fustigante
ao afeto prometido,
Que em cansaço negamos
após o degredo,
Resta o sopro final de um
âmago ferido.
Pois nas vísceras
últimas, onde a vida é estranha,
Talvez nos acolha, sem
véu ou segredo,
A Irmã me trevas plena
que habita a montanha.
Do livro de poemas:
“Sinfonia para cães suicidas”

Comentários
Postar um comentário