O Alento e os Ossos

 


 

Vertigens Inadiável é o ímpeto, febre que não finda,

Nesta busca voraz, de anseio e de agonia,

Qual mística em delírio, que na alma ainda

Lateja pelo abraço em santa heresia.

 

Sob o escombro das almas, onde o nada vinga,

Fulge a rosa imortal de uma herança tardia:

O sonho ancestral que no peito respinga,

Frente ao abismo mudo da vã travessia.

 

Toda busca quando urgente, se faz efêmera,

Pois o ser se consome em seu ápice ardente,

Extraindo o cristal da matéria mais áspera.

 

E corremos no encalço do Cronos infante,

Carrasco que nos foge, senhor negligente,

Que nos cansa o espírito em lida constante.

 

Nesta marcha fustigante ao afeto prometido,

Que em cansaço negamos após o degredo,

Resta o sopro final de um âmago ferido.

 

Pois nas vísceras últimas, onde a vida é estranha,

Talvez nos acolha, sem véu ou segredo,

A Irmã me trevas plena que habita a montanha.



Do livro de poemas: “Sinfonia para cães suicidas”


"O lugar" - E.M. -2015
 



Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

As memórias do centauro

A linha invisível