Sob os olhos de Thanatos
Percebo
que um dos livros que mais venho lendo nos últimos dias seja “Eros e Tânatos “com
o subtítulo “O homem contra si mesmo”, do teórico psicanalista Karl Menninger. Como
próprio título sugere, uma analise de mais de quinhentas páginas sobre a pulsão
de vida e morte freudiana. Uma jornada através dos mais variadas, peculiares e,
por que não, fascinantes analises em pacientes sobre o desejo de autodestruição
que aflige cada um destes. No escopo de cada angustiante drama relatado, como
se fossem uma narrativa de um acontecimento transmitida ao leito, podemos
encontrar nas páginas e nos capítulos que se seguem temáticas como o surgimento
da dependência química, os impulsos emocionais-agressivos, a auto mutilação em
suas mais variadas formas e métodos, o desprazer em ter que lidar consigo mesmo,
ou eventualmente ter que lidar como aquilo nos transformais, a agressividade, o
suicídio. A formação do nosso inconsciente até culminar em nossa própria
destruição, seja psicológica (mental) ou física (patologias somáticas de
cultivamos). É claro que ao livro de porte, correu-me as mais variadas e
estranhas ideias para compor narrativas, que digamos de passagem, em grande
parte, são colhidas de evento reais do cotidiano no qual transito. "Onírica" - 2022- acrílico sobre papel - Edson Moura
Recentemente tenho construído narrativas
justamente sobre esses contextos de personagens que não suportam permanecer
dentro deles mesmos. Desejando, angustiadamente, dessa prisão no qual estamos
todos condenados: nosso próprio corpo. Uma prisão sem celas ou paredes. E
acreditem é a pior de todas. A todos instante caminhamos soltos, mas
acorrentados em nossas lamentações. Um claustrofóbico mundo onde estamos a todo
instante desejando possuir tudo que não possuímos e desprezamos, até com um certo
odor de repulsa, tudo que está em nossas mãos. Acredito que “O homem contra si
mesmo” seja uma espécie de relato de nossa natureza masoquista e sádica. Nosso acolhimento
é o sofrimento. Ele é nosso vício. Não suportaríamos viver sem este como
entidade ao veneramos.
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