O Exílio de Babel

   


    
     Em “O Exílio de Babel”, de Ângelo Monteiro, percebemos traços metafísicos é só um dos principais ingredientes de sua arte poética, carregada de existencialismo, cuidadosamente lapidada com a formar do soneto clássico, isso, contudo, sem deixar de ser um contemporâneo. Em “O Exílio de Babel” temos escopos filosóficos em forma, de sonetos. Todos compactados. Um atento aforista em busca da condição humana, para, enfim, condiciona-la em ânforas poética. Notadamente, no que tange o fenômeno literário, sua reação estética, é encontrar o ponto de equilíbrio de seu discurso e os elementos linguísticos que servem para alçar a atenção o garimpeiro de construções semântico-sintático do texto conciso e rico em criatividade em metalinguagem, e logo na estirpe de sua obra isso se manifesta:

“Ah! o exílio da alma em qualquer língua
E a palavra atingida sempre aquém.
As bocas de água viva estão à mingua
E a poesia não morre por ninguém.

Floresce o nada em todos os canteiros
E uma rosa se estiola. Para quem?
Tombam de solidão negros ponteiros
A apontarem um tempo que não vem.

E porque ao chão olhar te desconstelas
Dos que te querem clara, e te irrevelas
Àquele que teu fogo em si retém?

Mas nesse fogo como a busca é fria
Mas nesse vôo como se esvazia
A asa que se volve sem o além.”

A labutação a ferros como podemos metaforizar o trabalho de escritura de Ângelo Monteiro. Mostro sua crença no trabalho braçal dos bons poetas. E este arquiteto de um mundo de imagens acústicas, vivas e deformatórias, como alguém que constrói, desconstrói reconstrói a própria realidade poética. No entanto, também, o que teoricamente, poderíamos dizer que é uma busca louvável pela precisão e organização lógica do texto, acrescente-se a isso o esforço pelo rigor na observação quase científica do “objeto poético”. Seus sonetos. Seus pequenos vasos gregos metafísicos- existenciais:

“Pela insônia navego como um astro
Desorbitado e a noite em mim avança
Com seus braços de polvo e alabastro
Tentando estrangular minha Esperança.”
    
      É quando o leitor se depara com uma espécie de labirinto taciturno, tautológicos, cujas saídas dão-se no vazio dos sentidos. Por outro lado, a adoção de um tom coloquial nos coloca firmes quanto as intenções do autor, nesse calidoscópio soturno e, ao mesmo tempo, rico em uma linguagem retórica com um forte tom de transcendência da realidade:

“Meu sonho dilata a vida ausente
E os fantasmas que invento ficarão
Por isso do meu sangue viverão
Para a além do meu corpo do poente.”


“O Exílio de Babel”, do poeta Ângelo Monteiro busca por uma gama mais ampla de leitores, pois existe uma riquíssima teia de interpretações, em que podemos nos aprofundarmos mais e mais nos fios de seus sentidos.


                       

                                                                           
                                                             


Agradecimentos a Amiga e escritora Zuleide Duarte por ter me presenteado com essa fantástica obra.   




                                                                       Edson Moura 

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