palavras que devoram lágrimas (ou a felicidade cangaceiro)
Quando me deparei com as páginas de
“palavras que devoram lágrimas (ou a felicidade cangaceiro)”, de Roberto
Menezes, não pude deixa de notar que estava diante de uma narrativa de fluxo
continuo. Na lapidação de seus textos o autor concentra um sopro narrativo
experimental em um único paragrafo, o a oralidade e pulsação poética se mescla,
formando assim um ritmo de leitura peculiar. Em sua estirpe uma estrutura caleidoscópica
é o ‘gancho’ imaginário que fixa o expectador ao enredo:
“...sempre pela manhã, sem misericórdia,
sou uma assassina covarde. chego de mansinho, está lá, a quantidade ideal de sentimentos
que não sei expressar assim, quando você ou qualquer um me diz: ‘na lata,
falando, que sentimento é esse?’ não sei, realmente não sei, mas ele está lá,
no último andar dos meus sonhos, que não toma vergonha de ir embora.” (p. 7)
Numa visão conjeturada do livro, no primeiro transpassar de suas páginas, é
claro, devido a carga de contatos com a conceptismo quase delirante de Joyce e
Camus; o a experiência imaginaria sinestésica de Clarice ou Virginia, deparei-me com o cuidado
artesanal em propor um uma obra coesa com as enumerações contínuos sentidos e
cenas dos personagens. A experiência de leitura de “palavras que
devoram lágrimas (ou a felicidade cangaceiro” a cada movimento captou o olhar para
algo diferente. Tudo o que o olho das personagens olham, mas principalmente
aquilo que estes sentem, transformado em seus monólogos interiores, em
reflexões, uma narrativa cortada pelas idas e vindas dos sentidos e acepções:
“...eu jazia entre um som e outro, entre duas das suas diversas camadas.
abomino o silêncio e é nesse abominar infeliz que vamos morrer, eu e você. depois,
se os meus parentes ou os seus quiserem violar esta conduta com algazarra por cima
de algazarra, não vou maquiar o meu desejo por isso. espero mesmo que façam.”
(p.63)
“palavras que devoram lágrimas
(ou a felicidade cangaceiro”, de Roberto Menezes. Livro recomendado para os que
buscam ótima história de tipos (personagens) contemporâneos, amargos e que
vivem dramas internos, estes, que nos identificamos quando lemos sua oscilação de oralidade. Sim, Roberto
Menezes é um escritor maduro ao mostrar em seu livro uma carga linguística de literalidade
sólida. Surpreendendo o leitor a cada cena do romance, levando-o a completar
cada página com maneira ríspida e voraz da construção do enredo. Romance com forte sintonia com literatura contemporânea de autores
brasileiros.
Edson Moura
“palavras que devoram lágrimas (ou a felicidade cangaceiro”, romance de Roberto Menezes. Seu livro fará parte do Projeto “Pilar Literário”. Iniciativa que tem o objetivo incentivar eventos artísticos-literário nos Distrito de Pilar, no Sertão Baiano.
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