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Mostrando postagens de abril, 2025

O Herói rascunhado

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             O exercício da honestidade consiste no simples temor da possibilidade de uma eventual punição caso nossos atos ilícitos, sejam estes de maior ou menor nível de ignomínia cívica, seja evidenciado. Escutei de meu pai em certa casualidade, não lembro com exatidão qual afronta provocada e menos ainda a época, podendo aqui afirmar que tenha sido dentro da cronologia do período em que vigorava a adolescência, “caso faça algo errado, não olhe nos meus olhos, não irei na delegacia se lá estiver”, após escultar aquele ultimato, mais semelhante a uma condenação, percebi que minha bondade tem com alicerce o medo, com pouca porcentagem de qualquer conceito que abeirar-se do que entendo hoje sobre valores humanos. A vigilância e a punição, num pendular tênue, equilibrando vergonhas, sustentando a milenar ilusão humana entre o bem e o mal. Às vezes me debruço a pensar sobre “como seria o homem civilizado sem a vigilância e a punição”. Talvez um dia eu e...

As coisas e os seres

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         Algumas cenas me comovem; outras despertam repulsa; tantas mais apenas observo. Mas existe determinada porcentagem, estas na qual me debruço em rememora-las com ingênua obsessão sempre que me deparo com outra cena com semelhante significado, as cenas que despertam algum tipo de questionamento sobre nossa configuração como humanos habitantes da cronologia presente. Creio que todos carregam algum tipo de obsessão: em maior ou menor grau, patológicas ou restritas aos pensamentos. Encucar com cenas é minha perdição, perdi a esperança se algum dia amenizo de alguma forma. Lamento. Se questionar fosse função socia, e o “questionador” um profissional remunerado. Talvez hoje tivesse desfrutando de algum tipo de conforto financeiro.         “Casa das bolças” não tinha esse nome na fachada, mas era assim que todos a chamavam. Vendia, como apropria alcunha orienta, bolças de tantos formatos, modelos, características, consciência, que melho...