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Vozes invisíveis

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  O Alento Subversivo da Sintaxe: A Forja Estilística da Consciência Coletiva em Levantado do Chão O romance “Levantado do Chão” (1980), de José Saramago, transcende a mera crónica da opressão camponesa no Alentejo para se constituir como um monumental manifesto estilístico. Longe de ser um adereço formal, a sintaxe singular e idiossincrática do autor é o motor discursivo que subverte a ordem narrativa tradicional, promovendo a fusão das consciências individuais numa voz coletiva que se levanta da resignação histórica. A prosa de Saramago, com seus períodos fluviais, a abolição dos sinais gráficos delimitadores e o narrador omnipresente e dialogante, funciona como uma engenhosa mimese da oralidade e do pensamento popular, concedendo dignidade formal à epopeia dos deserdados da terra, a família Mau-Tempo.   I. A Dissolução do Indivíduo e a Voz Coral O mais notório artifício estilístico saramaguiano reside na desconstrução da pontuação convencional, particularmente na au...