Pretérito imperfeito

Acordei com essa lembrança: o dia que deixamos Pilar-Ba para morar em Santa Cruz do Capibaribe. Trinta e cinco anos se passaram e recordo dessa cena como se o evento tivesse acontecido a poucas semanas. Acho que meus pais, ainda com algum vestígio de lucidez entranhado em suas mentes, tentaram fazer desse dia o menos traumático possível, ancorando na ideia do fingimento, “vamos fingir que hoje será um dia como outro qualquer, banal, rápido e desprovido de expectativas.” É claro que roteiros como este não teria uma conclusão esperada. E como a conclusão de toda história sobre ruptura, o resultado daqueles ruídos dia não seria diferente, permeado com lágrimas, com raiva, com medo e com dor (uma dor silenciosa, como a preferências costumam chamar). Converso pouco sobre a Pilar-Ba, ou “A caraíba” como costumo chamar essa cidade perdida no meio do sertão baiano. Afirmei em certa ocasião, numa dessas conversas sobre crença re...